As muralhas do Porto
Como muitas cidades antigas na Europa, o crescimento do tamanho e do
poder da diocese portuense necessitava uma muralha defensiva com a qual
o burgo podia defender-se. A primeira cerca velha data-se do início
do século XII e dentro desta, havia a cidade inteira. Além
dos limites do muro há os arredores do Porto, as terras alheias.
Os próximos dois séculos após a construção
da primeira muralha marcaram uma altura de expansão para o burgo
portuense, as casas a derramar-se além da muralha para as zonas
da Ribeira, de Miragaia, de Guindais e outras. Com efeito, o Morro da
Sé, o que era a cidade do Porto, deixou de a ser e virou a sua
acrópole. 23
Com o crescimento do tráfego marítimo estrangeiro e dos
perigos associados com este, com a surge da Peste Negra, precisava de
uma fortificação maior....
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Planta mostrando as posições
das muralhas com as suas torres defensivas e portas da cidade (de
Luís de Pina, em História do Porto) |
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Ao lado direito, a Igreja dos Grilos ao
pé da cerca velha; vista da cerca ao descer o Morro da Sé;
à esquina da Escada de Barredo, a cerca velha ao lado direito;
à distância, a cerca nova, vista desde as escadas ao
lado da cerca velha
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Em resposta às necessidades da cidade crescente, o rei D. Afonso
IV mandou construir a segunda muralha em 1355. Em 1370, dois reinados
depois, a «muralha fernandina», assim apodado por motivo
de se concluir sob o reinado de D. Fernando, a cerca nova multiplicou
a área protegida por doze, o seu perímetro mediu quarenta
e quatro metros e teve quatro portas 24e catorze postigos
25.
Hoje, a maioria da cerca nova já não se encontra; as
ondas do Progresso e as obras públicas promovidas no século
XIX resultaram na demolição de quase toda a muralha
26. Só permanecem duas faixas: uma, a mais longa, ao
leste, vista desde o pé da Ponte de D. Luís I, a seguir
o eléctrico que sobe a ladeira, passando pela Igreja de Sta.
Clara e terminando no Largo 1º de Dezembro; outra, ao oeste, a
mais curta, encontra-se ao longo de uma escada íngreme, encaixada
e quase escondida entre a Rua Comércio do Porto e a Rua da Arménia.
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A escada que percorre a faixa occidental
da segunda muralha; Vila Nova de Gaia, vista desde o cimo da escada;
a faixa oriental e mais larga do que permanece da cerca nova, com
as suas duas torres
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Notas 23 Ramos, Luís Oliveira,
ed., História do Porto (Porto: Porto Editora, Lda., 1995),
127.
24 idem, 140.
25 Placa informativa situada no local, Câmara Municipal
do Porto.
26 Ramos, Luís Oliveira, ed., História
do Porto (Porto: Porto Editora, Lda., 1995), 140.
Bibliografia |