Os Cafés do Porto O café, uma instituição fixa na vida de qualquer portuense, tem uma função não só alimentativa, senão também sócio-cultural. É um local onde as pessoas vão para se encontrar, se distrair, conversar e, claro, tomar um café bem feito. Embora esses costumes façam uma parte indispensável da vida portuense, o café, como se conhece hoje, é relativamente recente na história da cidade. O primeiro café que se sabe ter aberto com tal designação é o Café do Comércio, que abriu as suas portas ao público em 1833.108 Alguns anos depois, outro, o Café Guichard, se abriu na Praça de D. Pedro (agora a Praça da Liberdade), no edifício que pertencia aos Frades dos Congregados.109 O Guichard encerrou em 1857, mas outros apareceram nos finais do século XIX, todos «mantendo a tradição elitista e literária do seu predecessor».110 Muitos dos cafés hoje só existem na memoria colectiva: o Guichard, o Suisso, o Chaves, o Central, o Lisbonense e o Águia d’Ouro, que renasceu como teatro e, mais tarde, como cinema, e muitos outros. Porém, ainda restam alguns cafés das primeiras gerações: o Café Chave d’Ouro e o Café Áncora d'Ouro, melhor conhecido como «o Piolho». Situado na Praça da Batalha, em frente dos antigos cinemas Águia d’Ouro e Batalha, o Café Chave d’Ouro abriu as portas em 1920, oferecendo uma sala de bilhares tanto como as bebidas e a comida. A fachada actual não tem mudado desde a remodelação total realizada na década de 30. «O Piolho» ainda é um dos cafés mais frequentados pelos portuenses, em particular, pelos estudantes. Menciona-se num almanaque de 1883, e pode ser que é o café mais antigo do Porto ainda em funcionamento.111 Conhecido como o sítio preferido dos estudantes, o Piolho continua a encher-se com universitários nos fins-de-semana.
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Notas 108 Tavares Dias, Marina e Mário Morais Marques,
“Os Cafés do Porto” em Porto Desaparecido (Lisboa:
Quimera Editores, 2002), 139. |